O trabalho começa a ficar com o aspecto pictórico pretendido. Devido à constante acumulação de camadas "cortadas" com as linhas da fita cola, a pintura já me parece conter alguns dos aspectos visuais que caracterizam as "imagens de erro" que normalmente corrompem um ficheiro de video traduzindo múltiplos momentos simultâneamente. É claro que neste trabalho, o objectivo não se prende à apresentação múltipla de um movimento de uma figura, mas mais ao multiplicar da noção de corpo que se apresenta e se enquadra como imagem do sexo. Esta noção difere da normal associação que se prende à representação pictórica, insurgindo-se como imagem de imagens num regime escópico específico e que acumula e reverbera o seu carácter icónico e plástico.
Naturalmente, a ultima figura colocada, adquiriu um protagonismo que me parece excessivo, mas com as fragmentações seguintes suponho conseguir alterar esse aspecto. Há também o intuito de representar mais membros (principalmente pernas), dos quais raramente encontro imagens que contenham pés, pois estes nunca são o foco das atenções quando se pretende imagens fotográficas com estas características. A dificuldade está em conseguir uma pintura que apresente a noção de uma(várias) figuras verticais ou o mais possível, num enquadramento fechado, semelhante a uma porta. Esse sentido, juntamente com a percepção de uma proporção das figuras muito próxima do real, pretende criar uma maior relação entre a imagem pornográfica em que figura o corpo e o corpo da pessoa que o observa, reformulando a noção da janela, do ecrã do computador, da televisão e em tempos mais remotos da tela do cinema.
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Desenho a carvão vegetal sobre papel, 150x90 cm.
Apresentado na exposição "Co-eficiência, algumas variáveis" no Sput&nik the window patente de 11 de Maio a 9 de Junho. "O espelho foi muitas vezes utilizado como símbolo da vaidade feminina. A moralização, todavia, era basicamente hipócrita. Pintava-se uma mulher nua por se gostar de olhar para ela; colocava-se-lhe um espelho na mão e chamava-se ao quadro “Vaidade”, condenando moralmente por este meio a mulher cuja nudez se havia pintado por prazer. A verdadeira função do espelho era outra. Era a de forçar a mulher a tratar-se a si própria, em primeiro lugar e essencialmente como visão.” Berger, John (2005). Modos de ver (A. M. Alves, trans.). Barcelona. Gustavo Gili. pag. 55. O trabalho que aqui é apresentado serviu como base para a experimentação da noção de nudez, de espelho, de individualidade, de espectador, da auto-referêncialidade pictórica, da imagem fotográfica como regime escópico e do desenho como médium que repensa as suas funções e o seu lugar como visão. As imagens e textos aqui apresentados servem como registo de um processo criativo e teórico que se tem desenrolado desde 2009, e que neste momento, assumiu contornos mais vincados desde que se inseriu no meu programa doutoral.
O tema, assume os problemas relativos à pintura, mas mais precisamente, relativamente às imagens da Pornografia, que se manifestam enquanto esquema representacional de uma prática performativa, escópica e assumidamente plástica. |
AuthorManuel Mendes develops paintings and drawings that reflect about the world of images, their apearence in the visual scenery and their consequent downfall. Is work also focus on visual representations and their implication on art scenery. Archives
June 2013
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